O povo da Argentina é financeiramente consciente por necessidade. O país está em um ciclo vicioso de hiperinflação e estabilização há décadas. A recente virada da inflação que começou em 2016 levou as pessoas a adotar a criptomoeda.
A inflação é um modo de vida na Argentina. Há argentinos que guardam especificamente dólares nos bancos em vez da moeda nativa do país por medo de que o governo os desvalorize da noite para o dia. Mas como as pessoas esperam que a inflação aconteça, os preços estão sempre em alta.
As últimas rodadas de problemas financeiros que o país enfrenta diminuíram rapidamente o poder de compra das pessoas. Ele trouxe 37,3% da população abaixo da linha da pobreza, e muitas pessoas viram suas economias evaporarem.
A população tem, por isso, se voltou para o bitcoin para encontrar consolo para trazer alguma estabilidade às suas vidas, protegendo-se contra a inflação de 60%.
Bitcoin, Stablecoins e a promessa de liberdade e estabilidade
Jeronimo Ferrer faz um passeio a pé na Argentina conhecido como “Nossa economia louca local e tour Bitcoin por Buenos Aires”. Pode-se considerá-lo um dos muitos especialistas na Argentina que entendem como as marés financeiras se movem dentro do país. Para ele, o Bitcoin forneceu uma maneira para as pessoas alcançarem a liberdade financeira.
- O peso argentino é altamente volátil:O peso argentino sempre foi uma moeda volátil. Desde 1990, passou por várias reformas e todas foram destinadas a colocar uma rédea na inflação. O mais radical deles foi o conselho monetário, introduzido em 1990 por Domingo Cavallo, ministro da Economia da época. Ao lado disso veio opeso conversível.Essas medidas atrelaram a moeda ao USD em 1:1. No entanto, em 2019, a proporção foi para 60:1 – desvalorizando o peso e minando a capacidade de gasto da população. Essa volatilidade fez com que as pessoas procurassem maneiras de trazer estabilidade financeira para suas vidas.
- Mineração de Bitcoin é mais barata na Argentina:As operações de Bitcoin consomem muita energia. No entanto, o custo da eletricidade é relativamente barato na Argentina – tornando bastante frugal para as pessoas minerar bitcoin.
- Bitcoin pode atuar como um amortecedor contra a alta inflação:Como apenas uma quantidade finita de bitcoin pode ser criada por vez, a criptomoeda pode atuar como um buffer durante a alta inflação. Os argentinos continuaram a procurar um ativo limitado – e o bitcoin foi o que encontraram.
- Stablecoins podem armazenar valor em USD:Não é apenas o bitcoin que capturou o interesse dos argentinos; stablecoins também lhes deram os meios para armazenar valor em USD. Uma das principais razões por trás disso são as políticas rígidas do país sobre serviços de câmbio.
Devido a esses fatores, a penetração do Bitcoin na Argentina atingiu 12%, muitas vezes mais do que os países vizinhos, como México, Peru e outros.
Três startups surgiram no país que oferecem cartões de débito para transações usando criptomoedas. Entre essas empresas emergentes está a Lemon, originária de uma cidade da Patagônia onde 40% das lojas aceitam Bitcoin.
Devemos ter cuidado com isso: Vitalik Buterin
Vitalik Buterin, o criador do Ethereum, visitou a Argentina em dezembro. Ele notou a crescente adoção de Stablecoin e outras criptomoedas no país. Embora aprecie a aceitação da criptomoeda pelo governo, ele alertou que a economia do país dependeria demais do dólar. Ele disse ainda que o problema pode aumentar para o país se o dólar começar a apresentar problemas sérios.
O presidente argentino ecoou as mesmas preocupações e disse que os cidadãos devem ter cuidado. Mas ele também incentivou a adoção do bitcoin, dizendo que é estável que o peso argentino.